domingo, 26 de dezembro de 2010

Regência Verbal

Numa noite de ventos secos,
coberta pelo crepúsculo de desejos libidinosos
bocas meladas de veneno
te colocaram contra mim
fazendo da sua consciência
um balde velho de uma construção qualquer.

Antes de tudo eu queria me vê em seus olhos,
olhos foscos cercados de disfarces,
demasiadamente perto do engano de me fazer.

O rosto da inocência coberto com gotas de malícia,
foi transfigurado por algumas poucas palavras ditas
antes do portão de embarque,
o que de grandioso almejei vê em seu peito
se rendeu a uma pequena regência verbal.

Aquele manto empreguinado de falsas idéias
a respeito da chama
que minha alma saboreia em sua entranhas
te cobriu com um inquestionável facilidade
O frio da incerteza trazido por bocas
que outrora alimentavam meu ego
hoje habita o espaço compreendido
entre os limites do seu corpo.

Eu te dei uma mão, um pulso
e um coração incompreendido,
Julgado por lábios indignos,
que eu execro, amaldiçôo
e abomino diante da sórdida inveja.

As bocas, lábios e línguas
minha excessiva repudia,
ao que você diz sentir por mim
minhas condolências, meus pêsames.

Por Rodrigo Paulino. ©2010


Aqui jaz um Coração



Então vai ser assim,
como eu nunca imaginei que ia ser
você e eu sem amor,
os dois na escuridão,
nem tive tempo de escrever um verso,
o mais perfeito verso,
aquele que confundisse seus sentidos físicos,
e desse norte aos da sua alma

Onde será que você se perdeu ?
Onde estará aquele menino dos beijos ousados ?

Talvez caminhe por ruas nebulosas
a procura de satisfações momentâneas
alimento para o ego fraco,
que se deixar seduzir facilmente
por bocas limitadas.

Sempre vai existir um talvez,
pois a certeza dos meus sentidos
desapareceu junto com a confiança
que outrora habitava meu peito
o amor fugiu da minha casa.

E agora nas noites que não durmo
caminho com passos largos
sobre a dor
Isso afeta meus sentidos.

Tudo que senti por você
será recluso em um relicário
cujo a chave já deixara de existir

A sentença foi dada antes do começo,
mas não se pode apagar,
não com qualquer borracha,
o que foi escrito com verdade
nas páginas do espírito de um apaixonado.

Por Rodrigo Paulino. ©2010